Brasil 1549-1564

1549.
Tendo sido dada aos Donatarios illimitada jurisdição civil e criminal sobre as suas respectivas Capitanias, concedendo-se-lhes até impor a pena de morte, mesmo ás pessoas de mór qualidade; e provindo d'ahi innumeros males porque o abuso dos Senhores Donatarios ia-se tornando intoleravel, a anarchia reinava, os colonos erão opprimidos, os Indios barbaramente perseguidos; indispensavel era que o Brasil fosse governado por huma autoridade superior que servisse de centro commum, á que todos obedecessem. Assim creou El-Rei D. João III, melhor instruido pela propria experiencia, o cargo de Governador Geral do Brasil, que confiou a Thomé de Sousa. A 28 de Março chega este á Bahia, trazendo em sua companhia os primeiros Jezuitas que pizarão no Brasil. Coadjuvado por Caramurú consegue estabelecer-se na Bahia, e funda a cidade de S. Salvador, séde do Governo.
1552.
Chega á Bahia o primeiro Bispo do Brasil D. Pedro Fernandes Sardinha; o qual consegue apaziguar por algum tempo as desavenças entre o Clero e os Jezuitas.
1553.
Thomé de Sousa retira-se e he substituido no Governo Geral por Duarte da Costa. Com o novo Governador vierão alguns Jezuitas, entre os quaes o famoso José Anchietta, denominado o Apostolo do Novo Mundo. Já com Thomé de Sousa viera Manoel da Nobrega. A estes dous Padres he o Brasil devedor de muitos e mui relevantes serviços.
1554.
Reconhecendo o Governador Geral vistas ambiciosas nos Jezuitas, nega-lhes o seu apoio. Estes retirão-se para o Sul, e fundão junto ás planicies de Piratininga huma povoação, e o Collegio de S. Paulo, donde veio o nome á cidade e provincia hoje assim chamadas.
1555.
O desejo de conquista, e a ambição de riquezas levão estrangeiros a tentarem expedições á America. Nicolau Durand Villegaignon, sob o falso pretexto de fazer propagar o Calvinismo, protegido pelo Almirante Gaspar de Coligny, chega com huma expedição Franceza á bahia de Nictherohy, e construe no centro della sobre huma pequena ilha hum forte que denominou--de Coligny--(ou Villegaignon).
1557.
Morre El-Rei D. João III. (11 de Junho). Fica na minoridade D. Sebastião, neto e successor do Rei.
1557.
He Regente do Reino a Rainha Catharina d'Austria.
1558.
Chega ao Brasil o Governador Geral Mem de Sá.
1560.
Mem de Sá expelle os Francezes do forte--Coligny. Estes fogem para o continente, onde se tornão mais fortes com o auxilio dos Tamoios.--Visita o Governador a Capitania de S. Vicente, e deixa a sua prosperidade confiada aos PP. Manoel da Nobrega, e José Anchietta, ordenando ao mesmo tempo que se transferisse para S. Paulo o estabelecimento de Santo André.--Vê-se Mem de Sá obrigado a voltar a S. Salvador para reprimir os attaques dos Aymorés que incommodavão e assolavão as Capitanias dos Ilheos e Porto-Seguro: com effeito elle os derrota.
1562.
A Rainha entrega a Regencia ao Cardeal D. Henrique.
1564.
Os Tamoyos, senhores de todo o territorio entre Rio de Janeiro e S. Vicente, formão com outros Indios huma temivel liga contra os Portuguezes e dirigem-se ousadamente a attacar a nova povoação de S. Paulo. Porém os Jezuitas ajudados pelo celebre Indio Tebyriçá (depois do baptismo Martim Affonso) salvão-a e repellem os Indigenas.--Tambem a Capitania do Espirito Santo era muito incommodada pelos Indios; e já havia perecido Fernão de Sá filho do Governador, mandado por seu Pai a debellar os selvagens.--Continuando cada vez mais terrivel a guerra feita pelos Indios, os PP. Manoel da Nobrega e José Anchietta, depois de passarem milhares de perigos obtem a paz dos Tamoyos (foi por esta occasião que José Anchietta compoz em latim e reteve de memoria o celebre poema da Virgem).--Chega á Bahia Estacio de Sá, sobrinho do Governador, enviado pela Côrte a expulsar definitivamente os Francezes.
Leia também: Brasil 1534-1548

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